Prefeitura e comunidade recuperam Presidente Getúlio
Cansaço, mas muita resiliência e gratidão. É isso que os moradores de Presidente Getúlio, atingidos pela enxurrada, ocorrida entre os dias 16 e 17 de dezembro, sentem um mês após a tragédia.
Servidores públicos e população ajudam no que é preciso e seguem na esperança de dias melhores. O trabalho de limpeza continua e a reconstrução, já iniciada, ainda vai longe.
Hoje, são cerca de 60 funcionários públicos municipais, das Secretarias de Obras e Agricultura e do Saate, atuando diretamente na limpeza de ruas e recuperação de estradas, pontes, bueiros e tubulações.
Na Educação, aproximadamente 50 servidores de unidades educacionais não atingidas, atuam na EMEB Tancredo Neves e Ginásio de Esportes Pereirão. Eles fazem a recepção, triagem e distribuição das doações.
Outras frentes, executam os trabalhos de recuperação do CEIM Dom Quixote, localizado no Centro, do Agostinho Sehnem, no bairro Revólver e do Pingo de Gente, no bairro Niterói, que além da perda de toda mobília e equipamentos, tiveram boa parte das estruturas danificadas. O objetivo é recuperar para poder atender as crianças, logo em fevereiro.
As unidades de Saúde do Centro e do bairro Niterói, o Centro de Atendimento para Enfrentamento da Covid-19, bem como a sede da Secretaria, localizada na antiga Prefeitura também tiveram perdas, desde material, até estrutural. Equipes trabalham para recompor os postos.
A Secretaria de Saúde está situada no segundo andar da Prefeitura e o Centro de Atendimento para Enfrentamento da Covid está instalado no Salão Paroquial da Igreja Católica. O posto do Centro que também está em reconstrução, mantém o atendimento nos fundos da unidade.
Na infraestrutura da cidade, foram danificados ou destruídos, mais de 50 bueiros, cerca de 35 pontes e aproximadamente 14 mil metros quadrados de pavimentação. A soma chega a cerca de R$ 21 milhões em prejuízos.
A contagem dos danos segue no patrimônio público. A Administração Municipal realizou um levantamento, este enviado para a Defesa Civil Nacional. No documento, o valor chega perto de R$ 5 milhões, que inclui mobiliário, equipamentos, automóveis e máquinas das secretarias.
No meio privado, doações de materiais de construção e mão-de-obra possibilitam a recuperação de residências e empresas. Foram cerca de 40 casas totalmente destruídas e 80 danificadas. A conta feita pelo setor de Planejamento passa de R$ 6,5 milhões de prejuízos.
Eliseu Ewers, dono de uma oficina mecânica no bairro Revólver, teve a casa e a única fonte de renda completamente destruídas. Hoje, através da ajuda de amigos e fornecedores, ele reconstrói o estabelecimento. “Uma pessoa doou tubos de concreto, outra deu a madeira, outra a cobertura e também teve gente que fez o frete de material sem cobrar nada”, conta.
O serviço essencial, realizado pela Secretaria de Assistência Social garantiu que as necessidades primárias dos cidadãos atingidos fossem atendidas. O acesso a alimentação, água e roupas iniciou no dia após a tragédia e segue até o momento, mas agora, acompanhado de doação de móveis.
A dona de casa, Maria de Lurdes Pereira, estava em casa com o marido no momento da tragédia e viu a água e a lama levando tudo aquilo que conquistaram durante a vida. Por duas semanas depois da enxurrada, eles foram abrigados na casa de amigos e receberam móveis de toda parte
"Graças à solidariedade das pessoas, nós continuamos na nossa casa”, afirma o jovem Lucas Oliani. A residência onde moram ele e os pais, também foi atingida e até pensaram em se mudar, mas a ajuda recebida foi fundamental para a decisão de ficar e retomar a vida no mesmo lugar.
Aos poucos, Presidente Getúlio volta a ficar mais parecida com o que era. Comércios e empresas retornaram as atividades e seguem na tentativa de recuperar os prejuízos.
O prefeito Nelson Virtuoso lembra que, através do Badesc, pessoas jurídicas poderão obter empréstimos a juro zero, o que possibilitará a reforma de estrutura, compra de máquinas e equipamentos, recomposição de estoque, além de garantir capital de giro.
Presidente Getúlio está em estado de calamidade pública reconhecida pelo Governo Federal. Por meio da Defesa Civil recebeu recursos na ordem de R$ 14,2 milhões, que estão sendo utilizados para limpeza e desobstrução de vias, reconstrução de pontes e bueiros, além do desassoreamento do leito do Ribeirão Revólver. O Governo do Estado depositou R$ 3 milhões para o município. O recurso já era garantido para revitalização de ruas do Centro, mas seria pago em parcelas, a partir de abril deste ano.