Medidas restritivas motivaram uma redução nos casos ativos de Covid-19 em três cidades de Santa Catarina. As quedas mais elevadas ocorreram em Chapecó, com 61%, e Xanxerê, 64,5%. Os dois municípios do Oeste tiveram fechamentos de serviços não essenciais por, em média, 12 dias. Já Lages, que iniciou medida semelhante no dia 9 de março, sinaliza para um recuo com 22% na diminuição dos casos. Os números (veja abaixo o detalhamento por cidade) foram levantados pelo colega Cristian Weiss, jornalista especializado em dados, pesquisador da Deutsche Welle e responsável pelos números do coronavírus no portal NSC Total. As informações consideram o registro de casos e mortes pelo governo do Estado até o dia 16 de março.
Fechamentos em Chapecó
Chapecó restringiu a circulação de pessoas através de fechamento de serviços não essenciais entre 23 de fevereiro e 7 de março. O decreto do prefeito João Rodrigues foi instituído para frear a contaminação diante do alto número de casos que lotava UTIs e gerava mortes. As confirmações da doença caíram, enquanto em relação aos óbitos há uma estabilidade. Os especialistas apontam que inicialmente precisam ser reduzidos os casos, para que depois as situações mais graves também sejam controladas. A queda geral de casos ativos em Chapecó foi de 61%. No mesmo período, no entanto, a região Oeste teve queda de apenas 39,7% no total de casos ativos. Chapecó foi o município que puxou esse número para baixo. O colega Cristian Weiss explica que o sistema de saúde também costuma demorar mais a responder porque em Santa Catarina um paciente na UTI fica em média 14 dias internado até que libere o leito, seja por alta ou óbito.
Diretor técnico de Saúde da prefeitura de Chapecó, João Lenz afirma que se percebeu a diminuição da incidência dos casos após 10 dias de regramento. Ele confirma que a restrição de circulação de pessoas foi importante para a queda nos registros, e credita os resultados a uma série de ações: - As restrições, fiscalização, ampliação de equipes de saúde no atendimento e testagem instantânea em todas as unidades. Trabalho conjunto de toda equipe da secretaria de Saúde. O economista Márcio Paixão, que mora em Chapecó, também fez uma análise dos índices do município nas última semanas. Ela afirma que ocorreu queda na taxa de letalidade da Covid-19 de 2,53% para 1,53%. - A primeira conclusão é que os fechamentos fazem muito sentido para reduzir a transmissão. Você pode dizer que não é interessante pelo estrago na economia, mas para reduzir a taxa faz todo sentido. A queda de 1% na taxa (de letalidade) equivale a 160 óbitos em 30 dias. A segunda conclusão é que o lockdown funciona, mas não é a solução. A solução é a vacina e o lockdown traz estrago para a economia. Como adendo, o economista diz que o setor econômico já vinha sentindo os efeitos antes mesmo dos fechamentos. Cálculo feito entre janeiro e fevereiro mostra que o índice de confiança do consumidor despencou 26% pela piora do quadro da doença: "O problema da economia é a pandemia". Quando cai a confiança, também reduz consumo, vendas, faturamento, capital de giro e fluxo de caixa, como explica o especialista.
Fechamentos em Xanxerê
As medidas adotadas em Chapecó foram aplicadas de forma semelhante em Xanxerê, cidade vizinha. Lá houve fechamento em formato de lockdown entre 25 e 28 de fevereiro, quando foi retomada gradativamente a atividade econômica da indústrias e prestação de serviços. O comércio voltou em 7 de março. Nesta semana foram derrubadas as restrições para restaurantes. As aulas na rede pública estão previstas para voltar na próxima semana, assim como outros estabelecimentos. Xanxerê teve a maior queda entre as três cidades nos casos ativos. O ápice de registros ocorreu em 3 de março. Até 16 de março, a redução foi de 64,5%. Diante dos números, a prefeitura afirma que as medidas foram "assertivas".
Fechamentos em Lages
Na Serra catarinense as medidas são mais recentes. O prefeito Antonio Ceron decretou fechamento de serviços não essenciais a partir de 9 de março. A queda, porém, já é de 22% em apenas seis dias desde que foi atingido o pico de casos ativos. Neste começo de semana, Ceron determinou que as medidas fossem prolongadas diante da necessidade de alívio do sistema de saúde. Nas três cidades, o número diário de mortes por data de ocorrência ainda é alto se comparado ao período anterior à implantação das restrições. Isso porque ainda é resultado do alto número de casos ativos das semanas passadas. São pacientes que agora apresentaram agravamento dos sintomas e não resistiram.
FONTE: Por Ânderson Silva - NSC